quinta-feira, setembro 30, 2010

O Outono do estado social

Temos assistido a mais alguns episódios da saga governo – oposição num cenário de catástrofe económica.
Os agentes económicos internacionais e as agências de rating fazem cada vez mais pressão sobre Portugal. Os juros da divida externa aumentam a cada dia que passa.
Que fazer? Todos ouvimos as receitas para obter esse milagre enunciado por ilustres economistas (os mesmos que nos levaram a esta situação).
Equilibrar as contas, i.é., fazer com que as despesas sejam pelo menos iguais ou inferiores às receitas. Mais fácil de dizer do que de fazer!
Senão vejamos:
·        A máquina do estado é o maior empregador do país.
·        O crescimento económico ronda os 1%.
Algumas das receitas numa empresa são reduzir os encargos fixos, custos com o pessoal, despedindo, racionalizando a produção, reduzindo os custos de produção e aumentando as vendas, eliminando os produtos que não são rentáveis, deslocalizando as empresas para lugares onde se paguem menos impostos e onde a mão-de-obra seja mais barata, entre outros.
As empresas podem-se dar a este luxo, pois têm o estado social que vai cuidar das pessoas desempregadas com os subsídios de desemprego, assistência social, etc.
O que se faz nas empresas privadas já não se pode aplicar ao estado, porque não há mais nada para além do estado.
Bem, existir existe, existe o caos e lembro-me das vinhas da ira.
Solução proposta pelo governo de José Sócrates:
·        Cortes salariais da função pública
·        Suspensão de despesas (ex. suspensão de aquisições de veículos de luxo, etc.)
·        Congelamento de investimento até ao fim do ano 2010 (curiosamente não se tocou no TGV, travessia do Tejo, aeroporto)
·        Aumento de impostos
·        Redução das prestações sociais
Estamos a seguir o mesmo caminho dos nossos parceiros europeus que se encontram na mesma situação económica como por exemplo a nossa vizinha Espanha, a Grécia, a Irlanda.
Os cortes nos salários são um exemplo disso mesmo.
Tudo o resto era previsível e mesmo de esperar, basta estar atento ao que se passa à nossa volta.
O que não era de esperar era o aumento dos impostos.
O desmantelamento do estado social vai originar precaridade, aumento de instabilidade social, manifestações de rua, greves e muitos conflitos em todos os sectores da nossa sociedade.
Só não consigo suportar a ideia do político mentiroso. Durante todo este tempo disseram-nos que os impostos não iam aumentar e que não se estava a desmantelar o estado social!
Agora foi simplesmente anunciado em directo pela TV.
Começou o Outono do estado social.

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