Nota pessoal:
Lembro-me dos meus tempos de estudante na Universidade de Coimbra e das trovas e canções Coimbrãs, na vanguarda da resistência politica ao fascismo e autoritatrismo do estado novo.
Poema de Manuel Alegre e voz de Adriano Correia de Oliveira.
É de uma enorme actualidade: Há sempre alguém que resiste.
Trova do Vento que Passa
Adriano Correia de Oliveira
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
o vento nada me diz.
Tenho vontade de ver e sentir beleza no ar e em cada recôndito recanto!
Muitas vezes vou renovar e recarregar as minhas baterias nos contornos do lago Leman.
Ao longe um dique de pedras que nos leva até ao pôr-do-sol, como que prevendo
as tempestades que se estão a preparar…ao largo nas calmas e tranquilas águas
do poder federal…
E coisas inteligentes. Desemprego e exclusão social…
Inteligência
emocional e os meandros cognitivos que fazem que uns tenham um enorme sucesso e
que os outros sejam simplesmente uns enormes fracassos.
Ateliers de formação
que não levam a lado algum, mas que têm o mérito de fazer sair de casa e
promover os contactos com outras almas na mesma situação.
Almas
desesperadas que se sentem importantes ao ponto de julgarem os colegas, nesses
conclaves de integração na vida social e no caminho garantido do pleno emprego.
Emigração em
massa…stop…vamos fazer votar o povo para parar este massacre que é a invasão do
solo sagrado. Estrangeiros que vêm fazer diminuir a prosperidade do simples e
pacato cidadão.
No meu devaneio
já estou a ver as fronteiras a fecharem e todos os abusadores e estrangeiros,
de todas as cores e religiões, a serem recambiados fronteira fora, mano
militari…
Há que, a prosperidade
suíça provoca invejas!
A catedral está a arder, cidadãos às armas!
Estou a ouvir uma canção REFUGEES do velho grupo Van der Graaf Generator que
conta o sonho do ocidente, da liberdade, west is where I love, west is
refugees's home.
Uma vez acordados os violinos vai haver concerto!
Concerto de cortes.
Imorais.
Anti-sociais.
Demolidores.
Um concerto regido pelo maestro que durante os últimos anos nos vem servindo uma cacofonia de desacordes anacrónicos e dissonantes de todas as outras orquestras europeias.
A divergência é o leitmotiv dominante.
Divergimos de tudo e de todos.
As nuvens acumulam-se no nosso dia-a-dia.
Anunciam tempestades e tormentas.
Os ciclos repetem-se e mais uma vez a seguir a uma grande borrasca vem a bonança.
Temos assistido a mais alguns episódios da saga governo – oposição num cenário de catástrofe económica.
Os agentes económicos internacionais e as agências de rating fazem cada vez mais pressão sobre Portugal. Os juros da divida externa aumentam a cada dia que passa.
Que fazer? Todos ouvimos as receitas para obter esse milagre enunciado por ilustres economistas (os mesmos que nos levaram a esta situação).
Equilibrar as contas, i.é., fazer com que as despesas sejam pelo menos iguais ou inferiores às receitas. Mais fácil de dizer do que de fazer!
Senão vejamos:
·A máquina do estado é o maior empregador do país.
·O crescimento económico ronda os 1%.
Algumas das receitas numa empresa são reduzir os encargos fixos, custos com o pessoal, despedindo, racionalizando a produção, reduzindo os custos de produção e aumentando as vendas, eliminando os produtos que não são rentáveis, deslocalizando as empresas para lugares onde se paguem menos impostos e onde a mão-de-obra seja mais barata, entre outros.
As empresas podem-se dar a este luxo, pois têm o estado social que vai cuidar das pessoas desempregadas com os subsídios de desemprego, assistência social, etc.
O que se faz nas empresas privadas já não se pode aplicar ao estado, porque não há mais nada para além do estado.
Bem, existir existe, existe o caos e lembro-me das vinhas da ira.
Solução proposta pelo governo de José Sócrates:
·Cortes salariais da função pública
·Suspensão de despesas (ex. suspensão de aquisições de veículos de luxo, etc.)
·Congelamento de investimento até ao fim do ano 2010 (curiosamente não se tocou no TGV, travessia do Tejo, aeroporto)
·Aumento de impostos
·Redução das prestações sociais
Estamos a seguir o mesmo caminho dos nossos parceiros europeus que se encontram na mesma situação económica como por exemplo a nossa vizinha Espanha, a Grécia, a Irlanda.
Os cortes nos salários são um exemplo disso mesmo.
Tudo o resto era previsível e mesmo de esperar, basta estar atento ao que se passa à nossa volta.
O que não era de esperar era o aumento dos impostos.
O desmantelamento do estado social vai originar precaridade, aumento de instabilidade social, manifestações de rua, greves e muitos conflitos em todos os sectores da nossa sociedade.
Só não consigo suportar a ideia do político mentiroso. Durante todo este tempo disseram-nos que os impostos não iam aumentar e que não se estava a desmantelar o estado social!
Agora foi simplesmente anunciado em directo pela TV.